السبت، 5 فبراير 2011

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  1. AMEAÇA PONTENCIAL

    Vivi procurando e morri sem achar,
    Arrancaram-me e esconderam
    Algo muito importante
    Assassinaram-me para renascer
    Na hora e no lugar errado
    E por quê? Qual a razão?
    Onde só me restou fugir de uma vida estéril
    E incompatível com a própria vida
    Fruí num plano em que se esforçaram
    Para que nada acontecesse e não aconteceu
    Fui mantido ilhado, privado de viver
    Pois alguém entendeu
    Que uma vida não merecia ser vivida
    Que uma parte do universo
    Deveria permanecer estático e vazio
    Sem nada com o que mesclar
    Sem alguém para transformar
    Ou por quem ser transformado
    Que coisas simples seriam insignificantes
    Para serem compartilhadas
    Experimentei uma vida inteira morta, fruí solitário
    Jamais reencontrei ou fui reencontrado
    Conheci o não querer existir
    Gritei muitas vezes e jamais fui escutado
    Desejei intensamente,
    Mas nunca mais fui devidamente desejado
    Na mesma intensidade em que
    Uma única vez desejei
    Procurei pela entrada ou seria a saída?
    E um dia finalmente encontrei
    Porém não se tratava de nada
    Com o qual pudesse estar ou tocar
    Quando fui atraído, ao aproximar-me
    Distanciei-me cada vez mais até desaparecer
    Andei perdido, segui perdendo-me
    Pela minha complicada trilha
    Que me conduziu a um penhasco
    Pilotando uma moto em alta velocidade
    Voei e segui despencando, pouco a pouco
    Traído pelas minhas expectativas
    Com os olhos fechados e os braços abertos
    Atraindo e rumando apenas contra o chão
    Abri e fechei o espetáculo
    Entrei ou saí... Abracei o fim,
    Abandonei-me, e fui abandonado
    Pela grosseria, ambigüidade e ignorância
    Fui abandonando pelas minhas imperfeições
    Pela burocracia e pelo meu próprio abandono

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